25.4.17

Capitão Fausto têm os dias contados


AVISO
Antes de mais nada, acho que devem saber que não sou nenhuma melómana e, por isso, não esperem nada que se pareça com a opinião de um especialista. Aviso feito, continuemos.
Há um mês, os Capitão Fausto voltaram a cumprimentar-nos, passados dois anos de silêncio. Amanhã Tou Melhor antecipou o que aí vinha e já nos dava algumas pistas de mudança, mas, acima de tudo, deixou-nos com água na boca. Hoje, acabaram finalmente com a nossa sede quando nos acordam com as boas notícias de que o streaming do álbum já está disponível.

Capitão Fausto Têm os Dias Contados. Ficamos a perceber o que isto significa pouco depois de carregarmos play, e o que significa é que eles estão crescidos e fizeram-se homens. No passado, se com Gazela o instinto era bater o pé e querer dançar até fartar, com Pesar o Sol os Capitão Fausto fazem-nos pensar que deve ser esta a sensação de tomar um bom LSD. Por muito diferentes que nos tenham parecido na altura, e que continuem a parecer, percebemos agora que têm em comum a jovialidade que fazia parte dos Capitão Fausto. Digo “fazia” porque é precisamente dessa jovialidade e juventude que se despendem neste álbum.

A forma como o fazem chega-nos pelas melodias sóbrias e suaves que vêm substituir os ritmos acelerados a que nos tinham habituado, fossem eles gingão ou psicadélico. São melodias que nos fazem sentir nós próprios também adultos, mesmo que não precisemos de fazer essa passagem à real maturidade – como eu, que nos meus modestos 20 anos ainda me posso deixar ficar na fase “Pesar o Sol”.

Mas o crescimento, neste disco, não se faz só pela musicalidade. Faz-se também pela lírica e esta não deixa sombra para dúvidas. Os Capitão Fausto não se metem com rodeios e dizem, sem falinhas mansas, que “a mocidade, para nós, chegou ao fim”. E nós confirmamos, com um sorriso na cara e o coração quente. É que a maturidade ouve-se tão bem!



Orignalmente publicado em: A Drogaria

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